A abertura de vagas de trabalho prevista para o último trimestre do ano, principalmente no segmento do comércio de bens, não significa, necessariamente, a contratação efetiva de mão-de-obra. Um levantamento realizado pela Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do RS), por meio do Ifep (Instituto Fecomércio de Pesquisa), com 200 empresas do setor terciário do Estado localizadas em Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria, sinalizou que as 72 mil vagas previstas poderão ser de difícil preenchimento no momento de encontrar o profissional mais adequado. A maioria dos empresários, 66%, afirmou enfrentar dificuldades no processo de seleção, enquanto que apenas 34% disseram não ter problemas. Os dados constam no “Quesito Especial 2 – Dificuldades no Processo de Seleção”, que fez parte da pesquisa sobre a expectativa de contratação de trabalhadores temporários realizada pela entidade.
Uma avaliação do presidente da Fecomércio-RS, Flávio Sabbadini, é de que a realidade econômica pela qual o Estado e país passaram nesses últimos dois anos pode ter acentuado a questão. “Apenas em 2008 tivemos, até o mês de setembro, 101 mil trabalhadores contratados com carteira assinada aqui no RS. Isso nos cria uma situação diferenciada, pois as pessoas mais qualificadas provavelmente já encontraram um posto de trabalho, e certamente acentua as barreiras no processo de seleção”, afirma Sabbadini. O dirigente aponta que nem sempre uma vaga aberta consegue encontrar o candidato com a qualificação correspondente, e que isso acontece não apenas para as vagas de final de ano, mas também para as efetivas.
Na pesquisa, os empresários citaram os maiores entraves nesse processo. Em resposta múltipla, a maioria (33,6%) afirmou que falta postura adequada à vaga, vindo em seguida a falta de experiência (26,1%), falta de disposição para o trabalho (14,1%) e falta de qualificação (11,9%). O economista da Federação, Eduardo Merlin, acredita que a falta de postura foi citada devido ao perfil das vagas disponibilizadas no comércio. “O empregado é a imagem da empresa, o contato direto com o público consumidor. Essa resposta nos indica que os contratantes querem pessoas com uma atitude positiva de trabalho, seja pela polidez, boa comunicação, etc. Isso conta mais do que o próprio currículo em si”, avalia Merlin.
Nas cidades, os empresários de Porto Alegre também reclamaram da falta de postura (62,5%), seguida pela baixa experiência (45%). Em Caxias do Sul, a resposta foi a mesma: falta de postura (32,4%), seguida pela falta de qualificação. Em Pelotas, os apontamentos foram outros: falta disposição para trabalhar (21,7%), há pouca experiência (13%) e postura (13%). Na cidade de Santa Maria, a grande parte dos respondentes reclamou da falta de experiência (32,4%). “São municípios que possuem suas demandas específicas, por isso os problemas acabam variando. Em Porto Alegre, o volume de clientes exige maior experiência dos candidatos, já em Santa Maria o perfil de universitários implica pouca experiência. Em Pelotas, temos uma variedade de demandas diferenciadas, o que cria novas alternativas para a população, e em Caxias do Sul a concorrência da indústria diminui a oferta de pessoas”, avalia Merlin.
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