Quando criança, meus sonhos se resumiam a brinquedos, doces e chocolates, por isso, cresci pensando ser este um sonho comum de outras crianças, mas há 14 anos atrás vivenciei um natal diferente, inusitado.
Trabalhei por alguns meses em uma loja de bazar e brinquedos, a loja sol, perto da rodoviária, mas embora já estivesse trabalhando em outro lugar, às vezes passava por lá para conversar e dar uma mãozinha.
Era natal, a loja estava movimentada e eu estava lá ajudando, quando derepente adentrou um menino, sete anos, mais ou menos, mal vestido, tímido, educado. Achei que, assim como os outros meninos que quando tinham um trocado corriam até lá para comprar um brinquedo, assim, aquele o faria. Tive uma surpresa, que marcou meu Natal e minha vida.
O menino me disse que tinha ido até lá para comprar seu presente de Natal e eu o levei para o balcão dos carrinhos e perguntei o que ele queria comprar. Ele me respondeu:
-Quero um chinelo de dedos. Ele estendeu a mão e novamente me perguntou: -O dinheiro dá?
Quando eu peguei aquele dinheiro, bem dobradinho e suado tive vontade de chorar. Jamais imaginei que uma criança daquela idade almejava um presente como aquele. Respondi à ele que sim e pedi para que ele escolhesse o calçado e vi um brilho nos olhos, feliz. A dona da loja, Rosali, nem quis que eu pagasse a diferença.
Hoje quando leio as cartas da campanha "Meu sonho de Natal", do CES, lembro-me desta história e me sinto impotente por não poder contribuirmais do que contribuo. Aprendi a dar valor aos pequenos gestos, principalmente, os que vem das crianças.
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